El tiempo no existe
O que dizer da filosofia de rua... dos muros de pedra, das cores que vibram... das histórias perdidas, e das lendas vividas... O Peru instiga nossos sentidos, é multicultural e sua história vai do império a pilhagem generalizada... imposição, sucessão... roubo e escravidão.
O Peru é multicultural e o tempo parece não existir... a fotografia de rua faz de mim um escravo que sucede toda imposição apresentada; buscando o impasse do tempo perdido. A luz dura, implica em estar presente no futuro... onde prevendo o momento, acredito que tudo possa algum dia fazer sentido... a luz de ouro, compete com o olhar treinado... fraciona o tempo e nos guia por entre o vale e a desfiladeiro...
Garimpo trilhas e migalhas... e a poeira que irrita os olhos, reflete o eufemismo do ar rarefeito... é no reflexo que a vida se torna eterna. Portas, portões, pedras e paredões... será que nós humanos somos realmente humanos. É palpável uma construção baseada na mão... eis que refiro, simples base construção... vinte + cinco toneladas... pedra por pedra, sem cola, cimento... sem vão. Será palpável uma construção regada à mão?
A dor do joelho é apenas um sinal de que o tempo vivido é hábil e cruel, e que as experiências e conquistas são unicamente nossas, ideológicas e ilusórias... carregam de fato, o fardo, mortal... envelhecemos respirando, aprendemos errando... compreendemos, escutando. ( )
Não é de hoje que viajamos (eu e a Paula) com intuito de aprender a cultura local, de nos infiltramos no cotidiano e sim, compreender a história e as tradições que cercam nossos passos e nosso destino. Tentamos nos despir dos pré conceitos e fluir com a energia emanada que nos é compartilhada...
Confesso que é difícil distinguir quando me liberto de tais conceitos e quando passo a ser onipresente na fotografia que busco em nossas viagens... não ando obtendo respostas e sim, cada vez mais perguntas. ... tento explanar o que vejo, o que persigo... o que busco. Busco o que não vejo... pois se vi, perdi... o momento passa, o que queria, voou.
A cor ilude, confunde.... me deixa inquieto, perplexo... dislexo. Me irrita, me castiga... me prende, me instiga... a cor se funde no cotidiano, na porta, na bala, na casca... na aba. A cor, amor ... inquietude. A cor confunde.
É nos espinhos que o sol reflete sua dor... é no sal que amolecemos o sabor, vem das nuvens o que sana o furor... é com lã, que mantemos o calor.
Passo a passo, pedra a pedra... mantemos a guarda elevada, a câmera armada, e a fome saciada. O peru é multicultural, é história contínua, é pedra polida, é poeira... é vida.
El tempo no existe, é apenas uma metáfora... uma filosofia de rua, serve apenas como guia aos meus passos ao meu dia... segue à fração da minha fotografia, do que vejo, contextualizo... e escrevo. Escrevo com imagens, explano com palavras... vejo e pré vejo... reluto, mas construo. Imagino e refino... assim como sal, lapido o sabor da imagem... deixo que elas se completem umas com as outras... que sigam estáticas, e cheias de movimento... que sigam ínfimas à incompreensão, à dor e a exaustão... que sirvam apenas ... à pura e simples; inspiração!
Andre Sheffer© Mai2019 | Fotografia Documental _ Lima | Cusco | Vale Sagrado | Saqsaywaman | Q’enqo | Puka Pukara | Tambomachay | Pisaq | Ollamtaytambo | Moray | Tipon | Pikillaqta | MachuPicchu _ PERU
